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Resenha de Livro: Scrum. A Arte de Fazer o Dobro do Trabalho na Metade do Tempo, por Jeff Sutherland

NOTA DO LIVRO: 10

RESENHA

O autor, Jeff Sutherland, um ex-militar que virou executivo de empresas de tecnologia, conta sua história e experiência como cocriador do método SCRUM para aumento da produtividade. Mais do que uma simples fórmula para organizar o trabalho em equipe, os princípios do SCRUM formam um filosofia de vida para liberar o verdadeiro potencial das pessoas através do seu trabalho e aumentar a produtividade em 200, 300, 600 ou até 1.000%.

A origem do nome SCRUM vem de uma jogada típica do rugby, onde os jogadores do mesmo time correm através do campo lado a lado, passando a bola de mão em mão até conseguir fazer o ponto, e a inspiração para criação do método surgiu quando Jeff deixou a carreira militar, focada em eficiência e resultados, para trabalhar no setor privado, onde ele percebeu que a grande maioria das empresas trabalhavam de forma improdutiva e, o pior, desperdiçavam o tempo e, consequentemente, tornavam a vida de seus funcionários pior através de longas jornadas de trabalho que na prática produziam pouco ou nenhum resultado.

O SCRUM visa justamente o contrário, ou seja, produzir mais em menos tempo para que as pessoas tenham mais tempo para “viver” fora da empresa. Ele afirma que visto dessa forma, o método tem que ser “abraçado” por todos da empresa como forma de libertar a si próprio, e que isso funciona muito melhor do que qualquer outro método que a diretoria da empresa decide obrigar que todos os funcionários utilizem em prol da “produtividade”.

Para isso, o autor elaborou um conjunto de práticas que adotou ao longo dos anos em suas equipes e que podem ser aplicadas por qualquer pessoa ou empresa para atingir resultados extraordinários em qualquer área ou tipo de projeto. Dessa maneira, o propósito do método é fazer com que as pessoas parem de desperdiçar tempo planejando e definindo prazos que nunca irão se concretizar na vida real, e passem a trabalhar de forma mais focada nos itens que mais importam ao cliente desde o primeiro dia, otimizando tempo e recursos.

Segundo ele, a base fundamental do SCRUM é a criação de uma equipe, quanto menor melhor, sejam 02, 03 ou até 9 pessoas no máximo, com todas as habilidades para execução do trabalho, que tenha um propósito que transcenda a própria tarefa, ou seja, esteja motivada para superar os próprios limites e não apenas cumprir prazos, e que tenha autonomia para tomar as próprias decisões e decidir como trabalhar e atingir as metas, sem precisar de um “chefe” ordenando o que fazer o tempo todo.

Na prática, o SCRUM defende que a equipe deve priorizar as tarefas que irão gerar maior valor/benefício para o cliente em cada etapa do projeto, que deve ser desenvolvido em ciclos curtos de trabalho chamados “sprints”, e que podem durar de 07 a 15 dias.

A justificativa é que esse loop constante de feedback, onde a equipe apresenta em cada final de etapa uma versão funcional do projeto para o cliente até a sua completa conclusão, garante que o resultado do trabalho esteja sempre alinhada à expectativa de quem o idealizou e de quem irá utilizá-lo.

Para tornar tudo isso possível, ele destaca que a comunicação constante da equipe através de reuniões diárias rápidas que devem seguir um script de perguntas e verificações entre todos os integrantes e o apoio de alguém da equipe denominado como “SCRUM Master”, que apresenta as metas à equipe e cuida para remover todo e qualquer obstáculo do caminho, são essenciais para o sucesso. Além disso, a figura do “Product Owner”, ou seja, a pessoa que tem uma visão clara do produto e mercado para o qual se destina, também deve fazer parte do projeto dando feedbacks e solicitando ajustes para atingir o resultado esperado.

O livro apresenta uma série de outros princípios e práticas muito simples de aplicar e que complementam o método, como por exemplo a criação de um quadro de acompanhamento dos sprints onde as tarefas são descritas em post-its e posicionadas nas colunas “Fazer”, “Fazendo” e “Feito”. Tal característica visa dar visibilidade ao trabalho para que todos saibam o que cada um está fazendo o tempo todo.

De quebra, no capítulo final o autor ainda se preocupou em compartilhar casos reais pelo mundo em que o método está sendo utilizado com sucesso nas mais variadas áreas além da tecnologia, como educação, política, gestão pública e saúde.

OPINIÃO

Como tenho formação na área de software, conheço o SCRUM há muitos anos, li alguns outros livros sobre o tema e já participei de equipes de equipes que utilizavam o método.

Confesso que em razão da existência de tantos métodos “milagrosos” para desenvolvimento de software que surgem a cada dia, nunca me vi motivado a aplicar o SCRUM de forma integral, porque achava que era só mais um método que se podia aprender um pouco sobre ele e aplicar uma coisa ou outra que podia ser útil.

Entretanto, minha opinião mudou totalmente após a leitura dessa obra, porque, diferentemente de outros livros sobre SCRUM que li anteriormente, os quais se limitavam apenas a explicar o método, neste livro, o autor explica detalhadamente como e o porquê criou cada um dos princípios e práticas, fundamentados com casos reais e dados de pesquisas de grandes universidades americanas sobre comportamento humano. Isso tudo ilustrado através de projetos nos quais trabalhou para as maiores empresas de tecnologia dos EUA e até mesmo para o governo americano.

Me identifiquei com os casos reais apresentados pelo autor e vi que os principais problemas recorrentes em projetos podem ser resolvidos através de uma melhor organização do trabalho em equipe aliados à disciplina. Assim consegui compreender que a genialidade do método está justamente em sua simplicidade e facilidade de aplicá-lo no “mundo real”.

Desde então recomendei o livro para meus colegas de trabalho e há cerca de 01 mês resolvemos em conjunto aplicar o SCRUM na íntegra em nossos projetos. O resultado até o momento está sendo ótimo e a produtividade da equipe aumenta a cada semana através de um processo de aprendizado mútuo e melhoria contínua.

É óbvio que o processo de adaptação provocou alguns problemas, mas a própria equipe vem tomando as rédeas em busca das melhores soluções e o trabalho está fluindo de forma muito mais rápida e transparente.

Então se você tiver que escolher apenas 01 único livro para ler sobre aumento da produtividade e gestão do tempo, esse definitivamente é o livro.

Um comentário em “Resenha de Livro: Scrum. A Arte de Fazer o Dobro do Trabalho na Metade do Tempo, por Jeff Sutherland

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